quarta-feira, abril 26, 2006

Enquanto isso na sala de espera...


Fui novamente ao dentista nessa interminável saga que meu corpo insiste em me fazer passar. Tem gente que não pega gripe ou tem dor de barriga. Desde que me entendo por gente O corpo reclama de alguma coisa que eu nem sei o que é. Fomos nos acostumando um ao outro com o passar do tempo,mas ultimamente ele vem me lembrando dessa coisa abominável que chamamos de dentes. Não entrarei em detalhes tecnicos.Isso é absolutamente revoltante. Prefiro escrever sobre a chatice de se esperar numa salinha com cheiro indefinido pelo doutor. Tudo bem que foi a mais longa espera que já tive,uma meia hora. Meia hora esperando com uma montanha de revistas "Caras". Como suportei folhear aquilo?É nojento você no dentista e ver páginas e páginas de gente sorridente a não mais poder. Aqui no Brasil uma dentadura completa de nascença é privilégio de poucos. Pensei que já era hora de um "banguela zero" e certamente os sorridentes de "Caras" fariam tudo pra ajudar doando uns dentes postiços,umas pererecas,chapas,canais gratuitos. E hajam dentes perfeitos,peles imaculadas,músculos rijos,seios antigravitacionais perfeitos,olhos brilhantes e unhas impecáveis. Ó principes meus irmãos! Tão falsos como o milk shake de morango sem morango. Devem ser estofados de serragem. Lembrei de ter lido em algum lugar que há uma diferença entre estátuas e esculturas.Estátua é arte menor,busto de general elevado ao bronze.Trivial e ótimo para pouso de pombos e seus eventuais ataques aéreos. Escultura é tradução de um pensamento em forma tridimensional.É ver uma ideia concebida por detrás de um metal. Aqueles homens e mulheres de "Caras" são estátuas vivas de si mesmos. Eternidade em vida,raça vinda direto do grande Mummra,gente antisseptica cuja jovialidade é tão natural como uma lata de ervilhas. E lá estava eu,passando as páginas eloquentemente montadas por um idiota,empilhadas numa diagramação burra.A breguice é um estado da alma. Quando fui finalmente chamado,pedi para lavar as mãos.Nietzsche dizia lavar suas mãos sempre que apertava as de um homem religioso.Entendi os motivos.